terça-feira, 17 de abril de 2012

Resenha de "Ilhas de História" de Marshall Sahlins.







  Entenda o encontro de Capitão Cook com os Havaianos.



O texto “História e Cultura” faz parte do livro Ilhas de Histórias de Marshall Sahlins. O livro é uma reunião dos ensaios do autor sobre sociedades como o Havaí, Fiji e Nova Zelândia. No capítulo cinco do livro, História e Cultura, o autor retoma a história do encontro do Capitão Cook com o povo havaiano e todas as relações envolvidas nesse contato.
Sahlins pretende resgatar, para a análise cultural, acontecimento, ação, transformação; e inversamente, resgatar para a história, a análise estrutural. Para ele, a palavra estrutura remete a categorias culturais concebidas como uma rede conceitual: um sistema de diferenças e um conjunto de categorias.
 Com a chegada dos barcos ingleses a ilha, instalou-se um intercâmbio satisfatório entre os moradores locais e a tripulação do capitão Cook. É importante ressaltar que nessas trocas, os objetivos eram bem distintos. Como na realidade local o princípio mais importante era a hierarquia existente; é exatamente através dessas trocas que as mulheres buscavam uma mobilidade social dentro daquela estrutura. Fato que se concretizava quando elas mantinham relações sexuais com os tripulantes ingleses que, de acordo com a tradição havaiana, eram de natureza divina. Nesse momento, podemos fazer um link com o texto de Lynn Hunt, pois segundo o autor, no momento em que o capitão Cook chega à ilha ele é classificado como uma forma histórica dentro da realidade mítica local. Representando Lono, o deus da fertilidade, o capitão Cook ocupa um lugar na estrutura existente, a isto o autor chama de signo de posição. Cook já era uma tradição para os havaianos antes mesmo de se tornar um fato. 
           Já no exemplo das relações sexuais entre os tripulantes e as mulheres locais, ocorre um signo em ação: categorias e valores mobilizados de acordo com a situação. Nesse exemplo ocorre uma mudança na estrutura da sociedade. As mulheres que ocupavam categorias subalternas dentro da estrutura local passam a reivindicar seu status de geradoras de filhos de Deuses. Os signos transformam o significado original.  
Na continuação da história, um incidente meteorológico fez com que o barco do capitão Cook se afastasse da ilha durante uma manobra e ao retornar para as proximidades da ilha, o tratamento recebido se transformou completamente. A receptividade encontrada anteriormente fora substituída pela violência e autoridade do chefe maior da tribo, fato que culminou na morte do capitão Cook. Esse incidente resume bem a relação existente entre estrutura e evento. Segundo Hunt, a transformação de uma cultura também é um modo de reprodução dessa cultura. As relações desenvolvidas entre os moradores da ilha e os tripulantes europeus iniciaram uma oposição entre os chefes locais e o povo, o que não estava previsto nas relações tradicionais. Ocorre uma transformação na estrutura local. A estrutura dominante inicial que os chefes distinguiam-se do povo assim como os europeus eram diferentes dos havaianos foi abolida. O contato histórico com os europeus submeteu a relação entre os chefes e o povo a tensões inexistentes e a nova formação de classes passou a desconsiderar os elos de parentesco.
Para Sahlins estrutura e evento estão inseparavelmente ligados, e na medida em que acontecimentos são signos, a história pode ser organizada por estruturas de significado. Como a história transforma essa ordem e de que modo a própria história é ordenada no processo é uma microinvestigação densamente argumentada pelos temas de reprodução e transformação dados por Sahlins.
Segundo Sahlins, os elementos dinâmicos em ação estão presentes em todos os aspectos da experiência humana. Dessa maneira, “Ilhas de História” oferece novas oportunidades de suavizar o materialismo através de perspectivas culturalistas e de fortalecer a abordagem simbólica através da atenção às dificuldades da vida.
A transformação na qual o livro de Sahlins se concentra deriva das perturbações de classe e inovações que Sahlins chama de relações históricas que ao mesmo tempo reproduzem as categorias culturais tradicionais e atribuem-lhes novos valores a partir do contexto usual. Toda transformação estrutural implica reprodução estrutural.

3 comentários:

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