Compreenda a dinâmica do racismo brasileiro
O texto de Oracy Nogueira se propõe a reunir, de forma bem clara, algumas
situações onde se percebe claramente pontos de distinção entre os conceitos de
preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. Como exemplo, Oracy
Nogueira expõe diferentes aspectos de como ocorre preconceito racial aqui no
Brasil e nos Estados Unidos.
De acordo com Oracy Nogueira, quando acontece um evento discriminatório
por motivo racial, este ocorre por duas formas que se distinguem quanto à
natureza. Para Oracy, o preconceito que prevalece no Brasil é aquele baseado no
preconceito de cor, termo que se apresenta difuso na literatura relativa ao
tema, porém o autor prefere nomeá-lo de preconceito de marca. Em contrapartida,
nos Estados Unidos, o preconceito racial que prevalece é aquele baseado na
origem. Em outras palavras, quando o preconceito se exerce em relação à
aparência física dos individuas descriminados, diz se que é preconceito racial
de marca e quando o preconceito acontece por dedução de que o discriminado tem
uma ascendência de certo grupo étnico, diz que o preconceito é de origem. São
dois tipos ideais desenvolvidos por Oracy para apontar a existência do preconceito
racial presente tanto aqui no Brasil, quanto nos Estados Unidos.
Para Oracy, um dos pontos em que se pode julgar a diferença do
preconceito de marca do preconceito de origem é pelo modo de atuação do
individuo. Segundo Oracy, onde o preconceito é de marca, como no Brasil,
dependendo do modo de atuação do individuo, ou seja, se ele apresenta
habilidades específicas, ou se este indivíduo mostra-se inteligente, ou mesmo
perseverante, ele pode ter o tratamento discriminatório abrandado por essas
particularidades por ele apresentadas. Fato que não tem possibilidade de
acontecer nos Estados Unidos. Quando o preconceito racial é de origem como lá,
a discriminação se mantém, independente da condição pessoal, ou da qualificação
educacional do indivíduo.
Outra diferença explicitada por Oracy faz referência a questão afetiva.
No Brasil, segundo Oracy, onde o preconceito é de marca, há uma tendência, desde
cedo, no espírito de uma criança branca que os traços negróides “enfeiam” o seu
portador. Outro fato percebido é o de tratar as crianças negras com apelidos que
retratam uma inferioridade por parte destas. Em ambas as situações, o que
importa é uma sensação de superioridade dos traços brancos e uma depreciação
dos traços negros, mesmo que de forma branda, ou hilária. Já nos Estados
Unidos, o preconceito tende a ser mais emocional, assumindo até um caráter de
ódio intergrupal. As manifestações preconceituosas tendem a segregar,
intencionalmente, a população negra.
Outro ponto importante destacado por Oracy Nogueira é referente às
relações interpessoais. Nos casos de preconceito racial de marca, como no
Brasil, é possível que uma pessoa preconceituosa mantenha laços de amizade com
uma pessoa negra sem que isso mude sua concepção preconceituosa. Já nos casos
onde o preconceito é de origem, como nos Estados Unidos, uma pessoa branca que
mantenha laços com uma pessoa negra, a pessoa branca estará sujeito a sansões
que podem até chegar ao ponto do indivíduo ser tratado de forma discriminatória
como se fosse realmente um negro.
Para Oracy Nogueira, quando o preconceito é de marca, a probabilidade de
ascensão social é inversamente proporcional à intensidade das características
físicas do indivíduo negro o que disfarça o preconceito de raça pelo
preconceito de classe social. Fato que nos casos de preconceito racial de
origem se expressa por uma cisão total entre os grupos discriminados e
discriminador, de forma que parecem até duas sociedades diferentes, sem a
possibilidade de uma comparação.
Enfim, nos casos de preconceito racial de marca, a ideologia é de miscigenação.
Nesse tipo de preconceito há uma expectativa de que os outros tipos raciais
desapareçam na medida em que haja um cruzamento desses tipos com os indivíduos brancos.
Além disso, espera-se também que o embranquecimento provocado por esse
cruzamento promova um abandono cultural por parte do não brancos, passando o
individuo a praticar hábitos culturais como língua, religião e costumes do povo
branco. Já nos casos onde o preconceito é de origem, a ideologia é segregacionista.
Espera-se que as minorias se mantenham isoladas, que promovam casamentos apenas
dentro do seu clã, mantendo uma separação nítida entre as formas sociais.
O ponto central do texto de Oracy Nogueira é que independentemente da
forma ou da natureza do preconceito racial, ele está presente tanto aqui no
Brasil como nos Estados Unidos. E em qualquer uma das modalidades, de marca ou
de origem, está intimamente ligado ao modo de ser, culturalmente condicionado,
que se manifesta nas relações interindividuais. Ele deixa claro a forma velada de
preconceito racial existente aqui no Brasil, envolvendo muitas etapas até se
chegar ao rompimento formal das relações interpessoais, enquanto que nos
Estados Unidos, a situação representa um estado quase permanente de conflito
interracial.
Muito bom !!
ResponderExcluirObrigado
Gostei. Boa resenha. Foi ao encontro do que eu esperava.
ResponderExcluirótima resenha , entendi perfeitamente !!!
ResponderExcluir* sanções
ResponderExcluirótimo texto!
ResponderExcluirVou apresentar um seminário sobre este texto semana que vem na faculdade.A resenha me ajudou muito na interpretação do mesmo. Excelente!
ResponderExcluirEm resposta aos queridos amigos: muito obrigado pelas palavras. Fico muito feliz que o texto tenha ajudado de alguma forma no aprendizado de vocês! Espero que o seminário tenha sido um sucesso para o último comentarista!
ExcluirForte abraços a todos.
Rodrigo Dias
Muito Bom.
ResponderExcluirMuito bom, fácil compreensão, muito obrigada! bom trabalho.
ResponderExcluirMuito bom, me ajudou muito!! Obrigada :)
ResponderExcluirSua resenha me forneceu uma ótima clareza sobre o assunto
ResponderExcluirSua resenha me forneceu uma ótima clareza sobre o assunto
ResponderExcluirParabéns, ótimo texto!
ResponderExcluirMuito bom !mim ajudou bastante
ResponderExcluirso vai
ResponderExcluir