quarta-feira, 19 de junho de 2013

O Impacto do Conceito de Cultura Sobre o Conceito de Homem de Clifford Geertz



A Interpretação das Culturas - Capítulo 2



 O Homem Existe Sem Cultura?



O Que a Antropologia Moderna Diria?


 
No que concerne ao estudo do homem, poderíamos dizer que a explicação científica consiste em substituir quadros simples por outros complexos, enquanto se tenta conservar a clareza persuasiva que acompanha os quadros simples. 


Para as ciências sociais a máxima parece ser "Procure a complexidade e ordene-a". No estudo da cultura, sem dúvida, esta máxima tem se desenvolvido. A ascensão de uma concepção científica da cultura significava a derrubada da visão da natureza humana dominante no iluminismo. No iluminismo, a visão de cultura era clara e simples, mas a ascensão da cultura a substituiu por uma visão mais complicada e nada clara.


A visão iluminista era simples pois seguia leis imutáveis, como no universo de Isaac Newton. Mas o descaso iluminista com a variedade e com as diferenças foi um erro. Para esta corrente de pensamento, qualquer coisa que não seja facilmente entendido, que não possa ser verificado ou esteja limitada a homens de determinado período, não contém uma verdade. 


O que para Geertz é um absurdo, pois o homem é algo que está envolvido com o local em que ele se encontra, depende de quem ele é, e naquilo que ele acredita! E acreditar nisto é que permite se desenvolver um conceito sobre cultura.


A Antropologia Moderna acredita que não há homens que não tenham sido modificados pelos respectivos costumes dos locais por onde viveram. O homem está carregado de significado que ele próprio se encarrega de expor a todo o momento, como se fosse um artista. Por isso, Geertz afirma que é impossível separar o que é natural e universal daquilo que é local e variável no homem.


Segundo Geertz, o que se pode aprender da natureza humana é que os homens são, pura e simplesmente o que a sua cultura faz deles. 


E para ele, acreditar nesta diversidade cultural é abandonar o paraíso linear e se aventurar em uma jornada em águas perigosas!


Não é que não possa haver generalizações, mas a melho forma de tentar reunir os níveis da cultura é através dos pontos invariantes de referência. Esses pontos são encontrados na natureza dos sistemas sociais, biológicos e psicológicos dos indivíduos.


Os universos culturais são respostas a realidades universais e é preciso olhar as exigências humanas que não se manifestam claramente para então, tentar mostrar que estes aspectos da cultura são modelados por essas exigências.


Não basta identificar uma universalidade, uma generalização ou uma congruência. É preciso verificar se estas características são superiores às congruências frouxas e indeterminadas. 


Neste sentido, a Antropologia pode contribuir para a construção ou reconstrução de um conceito de homem. Se dedicando na tarefa de nos mostrar como encontrar este conceito de homem!


Segundo Geertz, é preciso procurar por relações sistemáticas entre fenômenos diversos e não por identidades concretas entre fenômenos similares. E para isso, fatores biológicos, psicológicos e sociais devem ser tratados como variáveis dentro do sistema em análise.


Para Geertz, a cultura é melhor vista como um conjunto de mecanismos de controle. Planos, receitas, regras, instituições que servem para governar o comportamento. E vai além, ele afirma que o homem é o animal que mais depende destes mecanismos de controle para ordenar o seu comportamento.


A partir de tais formulações, primeiro sobre o conceito de cultura e segundo sobre o papel da cultura na vida humana, Geertz complementa dizendo que o homem demonstra total estreiteza em suas realizações. Isto porque apesar de ter equipamentos naturais para viver muitas vidas distintas, termina por viver apenas uma vida restrita.


A perspectiva da cultura como mecanismo de controle se baseia na afirmação de que se o homem não fosse dirigido por padrões culturais, o mundo seria um caos de atos sem sentido e de explosão de emoções. Assim, a cultura é uma condição essencial para a existência do homem.


Segundo Geertz, os homens sem cultura seriam monstruosidades incontroláveis, com muito pouco instinto útil, menos sentimentos reconhecíveis e nenhum intelecto.



Espero que a resenha ajude no entendimento do texto original de Geertz e sugiro aos interessados em aprofundar os conhecimentos na modalidade de antropologia interpretativa apresentada por Geertz a acessar a resenha intitulada Atrás Dos Fatos presente no blog.



Até a próxima!



Boa leitura e boas indagações!
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