A Interpretação das Culturas - Capítulo 2
O Homem Existe Sem Cultura?
O Que a Antropologia Moderna Diria?
No
que concerne ao estudo do homem, poderíamos dizer que a explicação científica
consiste em substituir quadros simples por outros complexos, enquanto se tenta
conservar a clareza persuasiva que acompanha os quadros simples.
Para
as ciências sociais a máxima parece ser "Procure a complexidade e
ordene-a". No estudo da cultura, sem dúvida, esta máxima tem se
desenvolvido. A ascensão de uma concepção científica da cultura significava a
derrubada da visão da natureza humana dominante no iluminismo. No iluminismo, a
visão de cultura era clara e simples, mas a ascensão da cultura a substituiu
por uma visão mais complicada e nada clara.
A
visão iluminista era simples pois seguia leis imutáveis, como no universo de
Isaac Newton. Mas o descaso iluminista com a variedade e com as diferenças foi
um erro. Para esta corrente de pensamento, qualquer coisa que não seja
facilmente entendido, que não possa ser verificado ou esteja limitada a homens
de determinado período, não contém uma verdade.
O
que para Geertz é um absurdo, pois o homem é algo que está envolvido com o
local em que ele se encontra, depende de quem ele é, e naquilo que ele
acredita! E acreditar nisto é que permite se desenvolver um conceito sobre cultura.
A
Antropologia Moderna acredita que não há homens que não tenham sido modificados
pelos respectivos costumes dos locais por onde viveram. O homem está carregado
de significado que ele próprio se encarrega de expor a todo o momento, como se
fosse um artista. Por isso, Geertz afirma que é impossível separar o que é
natural e universal daquilo que é local e variável no homem.
Segundo
Geertz, o que se pode aprender da natureza humana é que os homens são, pura e
simplesmente o que a sua cultura faz deles.
E
para ele, acreditar nesta diversidade cultural é abandonar o paraíso linear e
se aventurar em uma jornada em águas perigosas!
Não
é que não possa haver generalizações, mas a melho forma de tentar reunir os níveis da
cultura é através dos pontos invariantes de referência. Esses pontos são
encontrados na natureza dos sistemas sociais, biológicos e psicológicos dos
indivíduos.
Os
universos culturais são respostas a realidades universais e é preciso olhar as
exigências humanas que não se manifestam claramente para então, tentar mostrar
que estes aspectos da cultura são modelados por essas exigências.
Não
basta identificar uma universalidade, uma generalização ou uma congruência. É
preciso verificar se estas características são superiores às congruências
frouxas e indeterminadas.
Neste
sentido, a Antropologia pode contribuir para a construção ou reconstrução de um
conceito de homem. Se dedicando na tarefa de nos mostrar como encontrar este
conceito de homem!
Segundo
Geertz, é preciso procurar por relações sistemáticas entre fenômenos diversos e
não por identidades concretas entre fenômenos similares. E para isso, fatores
biológicos, psicológicos e sociais devem ser tratados como variáveis dentro do
sistema em análise.
Para
Geertz, a cultura é melhor vista como um conjunto de mecanismos de controle.
Planos, receitas, regras, instituições que servem para governar o comportamento.
E vai além, ele afirma que o homem é o animal que mais depende destes
mecanismos de controle para ordenar o seu comportamento.
A
partir de tais formulações, primeiro sobre o conceito de cultura e segundo
sobre o papel da cultura na vida humana, Geertz complementa dizendo que o homem
demonstra total estreiteza em suas realizações. Isto porque apesar de ter
equipamentos naturais para viver muitas vidas distintas, termina por viver
apenas uma vida restrita.
A
perspectiva da cultura como mecanismo de controle se baseia na afirmação de que
se o homem não fosse dirigido por padrões culturais, o mundo seria um caos de
atos sem sentido e de explosão de emoções. Assim, a cultura é uma condição
essencial para a existência do homem.
Segundo
Geertz, os homens sem cultura seriam monstruosidades incontroláveis, com muito
pouco instinto útil, menos sentimentos reconhecíveis e nenhum intelecto.
Espero
que a resenha ajude no entendimento do texto original de Geertz e sugiro aos
interessados em aprofundar os conhecimentos na modalidade de antropologia
interpretativa apresentada por Geertz a acessar a resenha intitulada Atrás Dos Fatos presente no blog.
Até
a próxima!
Boa
leitura e boas indagações!