sábado, 31 de agosto de 2013

Resenha de A Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo.






Entenda como medo e racionalização deram início ao Capitalismo.






Quando Weber publica a primeira versão desta obra em 1904, ele dá destaque gráfico à palavra Espírito, colocando-a entre aspas. Assim, ele deixa claro que sua abordagem, que tangenciava a religiosidade, pretendia na verdade buscar uma análise sociológica sobre o capitalismo. Analisando o capitalismo não como um sistema econômico, mas sim como uma conduta de vida! Uma cultura, vivenciada no dia a dia das pessoas. Partindo desta premissa, fica muito mais fácil o entendimento desta magnífica obra das Ciências Sociais! 

Max Weber sempre destacou que os indivíduos dão sentido as suas ações. Ele diz que eventualmente as ações dos indivíduos são emocionais, mas frequentemente elas são ações metódicas, calculadas, premeditadas – Racionalizadas. A modernidade para Weber consiste em uma sociedade que através dos seus indivíduos, age de forma racionalizada, penetrando em todos os campos desta sociedade, promovendo uma sensação espiritual de que os fins, inevitavelmente justificam os meios. Ainda que esta frase jamais tenha sido dita por Weber, ela é absolutamente possível de ser formulada a partir das suas premissas.

Weber percebe que tanto os empresários quanto os pequenos empreendedores são participantes de uma uma religiosidade Protestante. A grande Reforma Protestante, partia do princípio que o Cristianismo tinha pouco controle sobre a vida dos fies. A Reforma tenta estabelecer esse controle de forma dura, a começar pelo peso atribuído ao pecado. Para o Cristianismo o pecado é ruim, mas o pecador é sempre bem vindo. De certa forma, esta prática dá uma elasticidade na relação do pecador com o pecado, pois no fundo ele sabe que Deus o acolherá de braços abertos, conforme a Parábola do Filho Pródigo. Uma das primeiras iniciativas dos Calvinistas foi barbarizar o pecado e também o pecador! Para a nova doutrina, não bastava ser protestante e ir à igreja aos domingos. Os fies tinham que dar sinais diários de sua retidão perante a Deus e para isto tinham que ser muito rigorosos com seus costumes. 

O que segundo Weber consiste em levar uma vida essencialmente racionalizada. Cumprindo os deveres de indivíduo religioso também na sua vida cotidiana moral! A partir desta premissa, a Reforma introduz um novo paradigma, onde o trabalho ganha um peso diante das responsabilidades dos fies. Para o protestantismo o trabalho serve para realizar a vontade divina que seria a única forma de salvação. A Teoria da Predestinação Calvinista dizia que Deus já havia definido aqueles que seriam salvos e só restava aos fies levar uma vida correta, agindo como se fosse um dos escolhidos, pois um passo fora desta linha lhes renderiam a condenação!

Para Weber, este novo paradigma oriundo da retidão religiosa, faz com que os indivíduos se dediquem muito mais ao trabalho e além disso, reduzam cada vez mais o desperdício e os gastos com extravagâncias. Tudo isto em prol de uma salvação. Diferentemente do capitalismo moderno, onde a doutrina é o lucro pelo lucro e cada vez mais para o lucro, nos primórdios do capitalismo, foi a atitude racional introjetada pelos indivíduos através do protestantismo que fez com que aqueles indivíduos agissem de forma racional e controlada no seu dia a dia, criando uma nova cultura capitalista que com o passar dos séculos acabou se tornando o capitalismo financeiro moderno.

Ler a Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo é uma forma incrível de aprender sobre os primórdios da Alemanha, sobre as transformação sofridas pelas religiões e sobre a formação da sociedade moderna de uma maneira relativamente simples, mas inexplicavelmente instigante e prazerosa! 

Espero que vocês tenham a oportunidade de degustar este livro que é uma das mais belas e importantes obras da Literatura Mundial!


Aguardo pelos comentários de vocês!

Um forte abraço.

Rodrigo Dias.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Influência do Ambiente Acadêmico Sobre os Trabalhadores do IFCS



COMPARTILHANDO ALEGRIAS E AGRADECENDO PELA AJUDA!

Este texto é dedicado a todos aqueles que me ajudaram até aqui!

Em especial, a minha querida Gi e aos meus estimados colegas de turma!
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É com muita alegria que eu compartilho com vocês mais esta vitória no decorrer da nossa faculdade!

Acabo de ter um artigo publicado em uma revista de graduação que possui uma boa classificação na Capes.

Espero que esta minha alegria possa incentivá-los a enfrentar todos os obstáculos que surgem durante a faculdade!

Torço para que vocês se animem a publicar seus respectivos trabalhos!!!!



DEIXO AQUI MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS POR TODA A AJUDA DURANTE ESTA NOSSA JORNADA!


Nosso convívio, nossas discussões, nossos trabalhos em grupo, etc, foram essenciais para esta minha evolução!!!!!

Serei eternamente grato pela ajuda de vocês!

Espero que a nossa amizade se fortaleça fazendo com que venhamos a manter um convívio posterior ao término da faculdade, que tenhamos a sorte de nos encontrarmos como colegas de trabalho.

Que façamos inúmeras mesas redondas, participemos de congressos, palestras, sala de aula, bar, buteco, etc!!!!!

MUITO OBRIGADO POR TUDO!!!



Muitos bjs e abraços para todos!!!!


Revista Habitus Vol. 11 – N.1 – Ano 2013
www.habitus.ifcs.ufrj.br

A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE ACADÊMICO SOBRE OS TRABALHADORES DO IFCS.[1]
THE ACADEMIC ENVIRONMENT INFLUENCE OVER IFCS'S WORKERS
Rodrigo Dias*

Cite este artigo: DIAS, Rodrigo. A influência do ambiente acadêmico sobre os trabalhadores do IFCS. Revista Habitus: revista eletrônica dos alunos de graduação em Ciências Sociais - IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p.36-48, Junho. 2013. Semestral. Disponível em: <www.habitus.ifcs.ufrj.br>. Acesso em: 30 de Junho. 2013.

O presente trabalho é um estudo preliminar que pretende analisar se uma instituição de ensino pode ter influência sobre os hábitos culturais e sobre a escolaridade dos profissionais que não desempenham atividades diretamente relacionadas com a sala de aula, porém fazem parte deste ambiente acadêmico.

Esta investigação parte da premissa de que o Brasil pretendendo se inserir no cenário mundial como uma “potência”, não só econômica, mas também intelectual, deve incentivar o aumento dos níveis de escolaridade dos seus habitantes. Diante deste cenário seria natural pensar que o sistema educacional poderia ser um excelente agente, capaz de elevar o nível intelectual e cultural do maior número de brasileiros possíveis, não restringindo sua influência apenas aos alunos oficialmente matriculados.

Em outras palavras, espera-se que as instituições educacionais possam contribuir para que todos aqueles que compartilham do ambiente escolar possam incrementar seus bens culturais, que segundo Bourdieu, também possuem um valor significativo, assim como os bens materiais. (BOURDIEU, 2006, p.9) Além disso, no caso brasileiro, essa contribuição educacional mais abrangente, advinda de forma indireta das instituições de ensino, poderia reduzir ainda mais os índices de analfabetismo funcional do país. [2] Ainda que o total de analfabetos funcionais tenha reduzido nos últimos anos, o número de pessoas nestas condições ainda é muito significativo no Brasil. (INAF, 2011) Enriquecer o país através da educação e da cultura é mais do que desejável para o bom desenvolvimento de uma nação.

Para aferir esta possível influência que as instituições educacionais podem ter sobre a escolaridade e sobre os hábitos culturais dos profissionais que trabalham no ambiente acadêmico, procurei analisar a expectativa educacional e o nível de consumo cultural de alguns profissionais que trabalham no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ), entretanto, me detive na análise dos profissionais que não desempenham a atividade de professor.


Para continuar lendo este artigo acesse o site da Revista Habitus!

http://www.habitus.ifcs.ufrj.br/ojs/index.php/revistahabitus/article/view/189/194


Forte abraço.

Rodrigo Dias

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O Impacto do Conceito de Cultura Sobre o Conceito de Homem de Clifford Geertz



A Interpretação das Culturas - Capítulo 2



 O Homem Existe Sem Cultura?



O Que a Antropologia Moderna Diria?


 
No que concerne ao estudo do homem, poderíamos dizer que a explicação científica consiste em substituir quadros simples por outros complexos, enquanto se tenta conservar a clareza persuasiva que acompanha os quadros simples. 


Para as ciências sociais a máxima parece ser "Procure a complexidade e ordene-a". No estudo da cultura, sem dúvida, esta máxima tem se desenvolvido. A ascensão de uma concepção científica da cultura significava a derrubada da visão da natureza humana dominante no iluminismo. No iluminismo, a visão de cultura era clara e simples, mas a ascensão da cultura a substituiu por uma visão mais complicada e nada clara.


A visão iluminista era simples pois seguia leis imutáveis, como no universo de Isaac Newton. Mas o descaso iluminista com a variedade e com as diferenças foi um erro. Para esta corrente de pensamento, qualquer coisa que não seja facilmente entendido, que não possa ser verificado ou esteja limitada a homens de determinado período, não contém uma verdade. 


O que para Geertz é um absurdo, pois o homem é algo que está envolvido com o local em que ele se encontra, depende de quem ele é, e naquilo que ele acredita! E acreditar nisto é que permite se desenvolver um conceito sobre cultura.


A Antropologia Moderna acredita que não há homens que não tenham sido modificados pelos respectivos costumes dos locais por onde viveram. O homem está carregado de significado que ele próprio se encarrega de expor a todo o momento, como se fosse um artista. Por isso, Geertz afirma que é impossível separar o que é natural e universal daquilo que é local e variável no homem.


Segundo Geertz, o que se pode aprender da natureza humana é que os homens são, pura e simplesmente o que a sua cultura faz deles. 


E para ele, acreditar nesta diversidade cultural é abandonar o paraíso linear e se aventurar em uma jornada em águas perigosas!


Não é que não possa haver generalizações, mas a melho forma de tentar reunir os níveis da cultura é através dos pontos invariantes de referência. Esses pontos são encontrados na natureza dos sistemas sociais, biológicos e psicológicos dos indivíduos.


Os universos culturais são respostas a realidades universais e é preciso olhar as exigências humanas que não se manifestam claramente para então, tentar mostrar que estes aspectos da cultura são modelados por essas exigências.


Não basta identificar uma universalidade, uma generalização ou uma congruência. É preciso verificar se estas características são superiores às congruências frouxas e indeterminadas. 


Neste sentido, a Antropologia pode contribuir para a construção ou reconstrução de um conceito de homem. Se dedicando na tarefa de nos mostrar como encontrar este conceito de homem!


Segundo Geertz, é preciso procurar por relações sistemáticas entre fenômenos diversos e não por identidades concretas entre fenômenos similares. E para isso, fatores biológicos, psicológicos e sociais devem ser tratados como variáveis dentro do sistema em análise.


Para Geertz, a cultura é melhor vista como um conjunto de mecanismos de controle. Planos, receitas, regras, instituições que servem para governar o comportamento. E vai além, ele afirma que o homem é o animal que mais depende destes mecanismos de controle para ordenar o seu comportamento.


A partir de tais formulações, primeiro sobre o conceito de cultura e segundo sobre o papel da cultura na vida humana, Geertz complementa dizendo que o homem demonstra total estreiteza em suas realizações. Isto porque apesar de ter equipamentos naturais para viver muitas vidas distintas, termina por viver apenas uma vida restrita.


A perspectiva da cultura como mecanismo de controle se baseia na afirmação de que se o homem não fosse dirigido por padrões culturais, o mundo seria um caos de atos sem sentido e de explosão de emoções. Assim, a cultura é uma condição essencial para a existência do homem.


Segundo Geertz, os homens sem cultura seriam monstruosidades incontroláveis, com muito pouco instinto útil, menos sentimentos reconhecíveis e nenhum intelecto.



Espero que a resenha ajude no entendimento do texto original de Geertz e sugiro aos interessados em aprofundar os conhecimentos na modalidade de antropologia interpretativa apresentada por Geertz a acessar a resenha intitulada Atrás Dos Fatos presente no blog.



Até a próxima!



Boa leitura e boas indagações!

domingo, 28 de abril de 2013

Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande





Apêndice IV – Algumas reminiscências e reflexões sobre o trabalho de campo









É claro que a intenção de Evans-Pritchard não é fornecer um manual rígido sobre como fazer um trabalho de campo! Ainda que os alunos, principalmente os iniciantes, busquem incessantemente e erroneamente uma forma “correta” de se fazer antropologia! Como diria Roberto Da Matta, é preciso relativizar. Além disso, comparar, agrupar, e acima de tudo, aproveitar todas as experiências antropológicas de outros pesquisadores para enriquecer seus conhecimentos sobre o que é um trabalho de campo, mas não se esqueça de uma coisa: dificilmente o seu trabalho de campo será exatamente como foi o de outro pesquisador. As situações serão únicas e você irá precisar se adaptar. O que você pode fazer é se preparar para enfrentar estes problemas que irão surgir. 


E segundo Evans-Pritchard, ter uma boa formação teórica em antropologia social é muito mais do que desejável. É imprescindível! Ele argumenta que na ciência, como na vida, só se acha aquilo que se procura. Não se pode estudar alguma coisa sem se ter uma teoria a seu respeito. É muito importante fazer um estudo prévio sobre a região que se pretende explorar, buscar relatos de outros pesquisadores, etc. Todo saber é relevante para seu trabalho de campo! Mas ele deixa claro que é preciso saber o que se procura, mas também é preciso seguir as pistas que surgem durante sua atividade. Se os nativos se interessam por religião, é imperioso que se estude essa relação!


Durante todo o texto, o que Evans-Pritchard faz é dar alguns exemplos da sua experiência como antropólogo, citando algumas situações que podem se repetir durante qualquer trabalho de campo. E algumas vezes ele arrisca dar dicas teóricas que também devem ser levadas em consideração. Uma delas é sobre a importância de se estudar mais de uma sociedade, sempre que possível. Segundo ele, além do antropólogo ter outro parâmetro que não seja a comparação direta com a sua sociedade de origem, o próprio antropólogo já é mais experiente e pode encontrar mais facilmente aquilo que realmente importa.


Outra questão teórica que ele discute é sobre a condição do antropólogo enquanto observador participante. Para ele, o antropólogo torna-se, ao menos temporariamente, um indivíduo duplamente marginal, alienado de dois mundos, do seu e do mundo dos nativos. Ao mesmo tempo em que o observador participante busca entrar intensamente na cultura estudada, ele também procura manter guardar alguma distância de segurança que lhe permita analisar externamente a cultura. Deixando claro que o antropólogo é uma pessoa e pode ser afetado e transformado pela cultura que está estudando. 


A posição do antropólogo também é discutida no texto. Segundo Evans-Pritchard, o pesquisador não se encaixa nas categorias nativas, pois ele não precisa se comportar como homem ou como mulher em determinadas situações. O antropólogo está fora das categorias, pois está fora da esfera social do grupo.


Outra dica dada pelo antropólogo inglês é sobre a presença de pessoas não nativas nas regiões estudadas. Sejam missionário, autoridades, médicos, biólogos, etc. Nessa situação, é preciso ser condescendente. Pois embora o antropólogo saiba mais sobre teoria antropológica que estes habitantes, eles sabem muito mais sobre os fatos etnográficos da região, pelo menos no início do trabalho de campo. Cautela aos assuntos religiosos e com a interpretação que os missionários podem dar aos assuntos do grupo. Algumas aproximações com termos do cristianismos são frequentes e podem não representar o verdadeiro significado para o povo estudado. 


Ele ressalta que infelizmente a antropologia tornou-se uma noção repugnante para alguns povos dos estados novos e independentes, especialmente na áfrica. Para estes povos, a antropologia lhes cheira a colonialismo, que significa superioridade de uma classe ou raça sobre outras. Por este motivo, para Evans-Pritchard, é mais conveniente que os antropólogos se passem por historiadores ou linguistas para não ofenderem ninguém. 


Por fim, ele volta a afirmar o que já havia feito em diversas partes do texto que é extremamente importante que o antropólogo tenha domínio sobre a língua dos nativos. Assim ele poderia fugir de interpretações errôneas realizadas pelos intérpretes e até poderia voltar a verificar e verificar uma informação que não esteja sendo coerente. 


Volto a afirmar que a intenção de Evans-Pritchard não é fornecer um manual para o trabalho de campo. Assim, como aporte teórico, é um material muito relevante para a formação de novos antropólogos. Além disso, a leitura é extremamente fácil e suas inserções práticas são bem explicativas, enriquecendo o conhecimento e a curiosidade.



Espero que leiam não só o apêndice em questão como também o livro todo que é referente ao povo Azande!



Um grande abraço e boas indagações!
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